Já me perguntaram várias vezes Prof. Léo Calheiros qual a
mecânica da modificação da cor em Micropigmentação de Sobrancelhas. Como isso acontece?
Bom busquei inúmeras pesquisas nacionais e internacionais e
fiz um pequeno apanhado mais científico do processo de modificação da cor.
Claro que entraremos em um caminho que nos leva além do entendimento de Colorimetria,
e exige uma percepção maior da que estamos acostumados a vivenciar
principalmente pelo fato de haver a necessidade de entender que a modificação
da cor acontece por outros fatores além, claro da reação da melanina com o
pigmento implantado.
Todos nós sabemos que a Micropigmentação é o resultado da
cor implantada com dermógrafo aparelho que utiliza micro agulhas para este fim.
Esta tinta, possui em sua composição vários elementos comuns a uma emulsão,
porem como principio ativo teremos pigmentos e corantes em suspensão. Muito comumente
ensinamos aos nossos alunos de forma a tornar o entendimento mais simples que
devemos sempre analisar o subtom de pele e classificar ele em quente ou frio
segundo a prevalência das cores quentes e frias visualizadas na pele, mas nem
sempre isso é tão fácil ou simples assim. Da mesma maneira que ensinamos como
analisar o fundo de cor da tinta a ser usada, se quente ou fria. Lembrando que
vermelhos e laranjas são considerados quentes, azuis e verdes considerados
frios.
Com este entendimento primário muitos profissionais aplicam
a teoria inversa, ou seja, aplicam tintas de fundo quente em peles de subtom
frio. No entanto é provado que há muitas falhas neste processo, e muitos jovens
profissionais não conseguem entender pois fazem tudo conforme aprenderam e
mesmo assim não funciona, resultando em sobrancelhas cinzas ou rosadas e
colocam a culpa exclusivamente no material utilizado.
Sim o material é de grande importância e pode sim determinar
a qualidade do resultado, no entanto Colorimetria é uma ciência exata, mas que
depende da acuidade visual e da percepção inerente a cada pessoa.
Além disso, há outros fatores que promovem a mudança
significativa da cor da tinta aplicada na pele. Infelizmente pouco vemos este assunto
ser abordado. Concordo que é complexo e muitos profissionais desconhecem a
necessidade de estudar de maneira mais ampla a Anatomia, a Fisiologia, a
Química, a Física, Patologia, Micro imunologia. Claro que não estamos formando médicos,
mas somos profissionais de saúde, e lidamos com a vida de seres humanos.
Voltando ao tema principal, vou citar aqui alguns destes
fatores que interferem na cor.
A profundidade alcançada pela agulha: Sabemos que a luz atravessa
a pele e permite a reflexão da cor da tinta de maneira transepidermica. Por
isso quanto maior a profundidade do implante, mais será a reflexão das ondas
azuis, resultando em castanhos esverdeados e azulados, tal qual vemos um vaso sanguíneo
mais profundo meio azulado e um vaso mais superficial mais vermelho ou menos
azul.
A angulação da agulha: Para a grande maioria dos
profissionais e não estou dizendo ser certo ou errado, mas para a maioria, a utilização
do angulo de 45 graus é mais confortável, mas é fato que nesta angulação a
agulha precisa estar mais longa para atingir uma profundidade que no angulo dde
90 graus atingiria, e isso pode favorecer uma variação muito grande de
profundidades de aplicação, ou seja resultaria na falta de uniformidade, a
medida que ninguém ficaria regulando a escala de graus pra se manter a 45 todo
tempo com a mesma precisão e força nas mãos.
Aparelhos: A estabilidade e precisão também são cruciais
para a manutenção e uniformidade da cor na pele, se o aparelho não possuir uma
precisão adequada, mesmo com todo esforço do profissional haverá desigualdade
no implante.
A saturação: Sim a quantidade de vezes que passamos ou
aplicamos a tinta sobre a pele também vai interferir, muitas vezes existe o
pensamento de que quanto mais vezes passar melhor será a fixação, o que não é
verdade, pois é mais importante aplicar menos vezes, agredindo menos, e
utilizando baixas velocidades de mão e de agulha. Quanto mais tinta maior será
a reflexão da luz, porem a profundidade estará aumentada também revelando mais
facilmente o azul luminoso.
Importante lembrar que nós trabalhamos com tintas misturadas
e ja prontas e com cores terciárias, se não entendermos isso, dificilmente
conseguimos um bom equilíbrio, pois fica tudo muito voltado somente as cores
primarias, mas ninguém aplica, azul, vermelho ou amarelo puro na pele do cliente.
Além disso em indivíduos com alta carga de melanina as
reações costumam ser desastrosas pois a reatividade do melanócito geralmente é
mais alta nestes indivíduos.
Outro fator importante é a alcalinidade de certos
anestésicos e produtos recomendados para a fase de cicatrização. A alcalinidade
além de alterar quimicamente alguns pigmentos e corantes, também altera a forma
como o corpo processa estas moléculas. O mecanismo ainda não foi definido. Muito
se fala de fagocitose, mas é precisa estar atento, pois só existira fagocitose
se houver digestão celular ou seja se o macrófago dissolver o pigmento. A não
digestão descaracteriza a Fagocitose, e toda cadeia inflamatória possui ciclos
distintos que devemos entender essa cascata de eventos.
Outros fatores são por exemplo, os tratamentos de pele, como
peelings, uso de certos medicamentos, consumo regular de alcool, tabagismo este
ultimo além de alteração na cor teremos alterações na fisiologia da pele,
inclusive na morfofisiologia do tecido dos lábios.
Um dos fatores que não pode ser esquecido é o tamanho do
grão de pigmento usado, se muito grande pode ser expelido mais facilmente e de
pouca fixação, se muito pequeno tende a se espalhar e expandir o desenho,
alguns autores defendem a necessidade de se manterem entre 6 e 8 micras, mas
acontece que uma partícula de óxido de ferro tem menos que isso, o que acontece
é que dada eletricidade se atraem por magnetismo e alcançam as vezes mais que 8
micras, por isso outros autores desprezam tal informação, pois isso valeria
somente para pigmentos orgânicos.
No caso do Carbono ou melhor dos pretos de base carbônica,
eles são amorfos e muito menores as vezes que 1 micra, o que facilitaria e
muito a expansão e a migração deste tipo de pigmento na pele até pq não há
eletro atração entre eles o que não permite que alcancem maior tamanho com
facilidade. Os pigmentos usados também de devem ser miscíveis entre e ter em média
a mesma duração ou melhor a mesma capacidade de se manter estável sob ação da
luz solar. Por exemplo se uma tinta é composta por corantes e pigmentos com
estabilidades muito diferentes teremos uma alteração rápida de cor, poi se os corantes
se degradam primeiro teremos os pigmentos refletindo sua cor, de forma inversa
se os pigmentos se degradarem rápido demais somente os corantes estarão na pele
refletindo sua cor, isso resultara na alteração da cor visualizada. Daí a importância
de uma boa mescla entre orgânicos e inorgânicos na tinta usando corantes e
pigmentos que tenham estabilidade e fotosensibilidade semelhantes.
Quando voce observar uma sobrancelha Azul ou Verde,
lembre-se do Prof. Léo Calheiros que sempre disse que ali existe muito mais que
um erro de avaliação da pele ou da tinta usada...vai além da Colorimetria...
fonte:
Darby, D. Why Do Cosmetic Tattoos Change Colour? Part 1.Cosmestic Tattoo, 2013. Disponível em: http://www.cosmetictattoo.org/article/why-do-cosmetic-tattoos-change-colour-part-1.html. Acesso em: 08.11.2014
DUARTE, S.; CALHEIROS, L. Micropigmentação em Evolução. Revista Profissão Beleza. Ano XII, n. 69, p. 46-47, 2011
GISBERT, M; ORTEGA A; HOFFMANN H. Micropigmentación: Tecnología, Metodología y Prática. Espanha: Editorial Videocinco, 2013. 327p.
fonte:
Darby, D. Why Do Cosmetic Tattoos Change Colour? Part 1.Cosmestic Tattoo, 2013. Disponível em: http://www.cosmetictattoo.org/article/why-do-cosmetic-tattoos-change-colour-part-1.html. Acesso em: 08.11.2014
DARBY,
D. Why Do Cosmetic Tattoos Change
Colour? Part 2.Cosmestic Tattoo, 2013. Disponível em:
http://www.cosmetictattoo.org/article/why-do-cosmetic-tattoos-change-colour-part-2.html.
Acesso em: 09.11.2014
DUARTE, S.; CALHEIROS, L. Micropigmentação em Evolução. Revista Profissão Beleza. Ano XII, n. 69, p. 46-47, 2011
GISBERT, M; ORTEGA A; HOFFMANN H. Micropigmentación: Tecnología, Metodología y Prática. Espanha: Editorial Videocinco, 2013. 327p.